Pela primeira vez pessoas que não leem livros são maioria no Brasil

A prática da leitura de livros tem se tornado menos comum entre os brasileiros. De acordo com a 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada na terça-feira (19), 53% dos entrevistados declararam não ter lido sequer um trecho de algum livro, seja impresso ou digital, nos três meses que antecederam o levantamento. Esses dados revelam que mais da metade da população não mantém o hábito de ler.

A pesquisa dividiu as pessoas em dois grupos:

• Leitores: leram um livro inteiro ou pelo menos uma parte dele nos últimos 3 meses, seja ele físico ou digital. 
• Não leitores: não leu nenhum livro, nem parte dele, nos últimos 3 meses. 

O resultado foi que 53% das pessoas se encaixam no grupo “Não leitores”, enquanto 47% no grupo “Leitores”. A Retratos da Leitura no Brasil é uma pesquisa que iniciou em 2007 e, desde então, nunca o número de não leitores havia superado o de leitores.

O levantamento considera tanto a leitura de livros impressos quanto digitais, além de não restringir qualquer gênero, incluindo didáticos, bíblia e religiosos. 

Os resultados mostram que essa queda nos leitores se dá tanto entre quem está estudando como em quem não está mais em alguma instituição de ensino. Em um recorte por escolaridade, a pesquisa aponta que todos os níveis diminuíram a quantidade de leitura.

O recorte por raça e gênero também mostra uma queda generalizada. Tanto homens quanto mulheres estão lendo menos e a classe A, B, C, D e E diminuíram a quantidade de leituras feitas.

A única região que apresentou um crescimento na quantidade de leitores foi a Centro-Oeste, que passou de 46% para 47%. A maior queda foi na região Norte, que passou de 63% para 48%. A média de livros lidos inteiros foi de 0,82, número menor que em 2019 (1,05) e 2015 (1,06). 

A 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, conduzida pelo Instituto Pró-Livro, contou com o apoio de instituições como a Câmara Brasileira do Livro, o banco Itaú, e o Governo Federal. Reconhecida como o estudo mais amplo sobre os hábitos de leitura no país, a pesquisa teve como objetivo entender o comportamento dos leitores, avaliando aspectos como frequência, formato, limitações, motivações, percepções e as condições de acesso a livros impressos e digitais pela população brasileira.

Realizada pelo Instituto Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), a pesquisa entrevistou 5.504 pessoas em visitas domiciliares, abrangendo 208 municípios entre 30 de abril e 31 de julho de 2024. A iniciativa foi promovida pelo Instituto Pró-Livro em parceria com a Fundação Itaú, contando ainda com o apoio da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Os resultados preocupantes apontados pelo levantamento se somam a outros índices negativos da educação no Brasil.